terça-feira, 4 de setembro de 2012

Especial 'BAD 25' da TIME: A Criação de 'BAD'

TIME, 22 de agosto de 2012
Por Lily Rothman

Bad foi criado no Westlake Studio em Los Angeles e no estúdio pessoal de Michael Jackson, Hayvenhurst. O processo formal de gravação começou no Westlake em 5 de janeiro de 1987.

Forger: Após a experiência de Thriller, eu acho que a auto-confiança de Michael realmente cresceu. Ele havia composto quatro das canções do álbum Thriller, e estas músicas se tornaram sucessos. Michael sabia que estava no caminho certo. Na época que Bad foi criado, ele estava pronto para dar um passo à frente para um papel muito maior, porque era o momento dele. Ele estava pronto.

Branca: Eu lembro de ter uma conversa com ele, nós estávamos em Hong Kong, e eu estava meio que brincando, e disse, "Michael, talvez para o próximo álbum, ao invés de tentar se superar e competir consigo mesmo, talvez você devesse mudar um pouco de direção e pensar em algo diferente, como em fazer um álbum de músicas que o inspiraram a se tornar um artista. Músicas de James Brown, Sly and the Family Stone e outros." Ele me olhou como se eu tivesse vindo de Marte. Ele estava determinado em se superar e ele colocou muita pressão em si mesmo para isso.

Lee: As maiores pessoas, os maiores artistas, seja lá como você queira chamar essa categoria, eles trabalham em sua obra por anos e anos e anos. Então quando nós vemos que ela está pronta, nós não vemos todo o trabalho duro por trás daquilo. Nós vemos a criação, nós vemos a beleza do trabalho duro mas nós não vemos o trabalho duro, o sangue, o suor e as lágrimas.

Phillinganes: Havia a pressão essencialmente em cima do Michael. Nós estávamos apenas felizes em saber que estaríamos juntos no estúdio novamente e que iríamos nos divertir. Não é como se tivéssemos sentado lá pensando "Nós temos que fazer melhor!" Apenas como em Thriller, nós pensávamos em fazer as melhores músicas possíveis.

Forger: Nós sabíamos que estávamos em estúdio e que nós íamos nos divertir por causa do clima, especialmente trabalhando com Michael e Quincy [Jones, que produziu o álbum], também. Você tem que entender que quando você dedica a sua vida a criar discos você faz isso porque você ama estar lá. Você ama a experiência. É uma dessas coisas que quando você entra no estúdio e [você pensa] "Oh meu Deus, aonde foram as últimas oito horas?"

Phillinganes: Nós tínhamos o dia de animais de estimação, quando ele trazia a cobra Muscles e o chimpanzé Bubbles e nós tirávamos fotos. Tem uma foto em grupo no Estúdio D de Westlake onde estamos em pé em uma longa fila para acomodar Muscles. Qual era o tamanho dele mesmo?

Forger: Bem, ele cresceu. Quando eu conheci Muscles em Thriller ele tinha provavelmente 3 ou 4 metros, então ele deveria ter uns 5 na época de Bad. Ele era uma cobra muito bacana.

Phillinganes: E quando ocorreu um problema técnico no estúdio - aconteceu um problema que nos impediu de continuar até ele ser resolvido - Mike estava ansioso e me perguntou se eu estava com vontade de atravessar a rua para fazer umas compras. O que havia do outro lado da rua era um grande, enorme shopping chamado Beverly Center. Ele colocou essa peruca, óculos escuros e dentes postiços e nós saímos do estúdio, só nós dois, sem segurança ou polícia, no La Cienega Boulevard e eu me lembro de pensar enquanto atravessávamos, "Eu estou atravessando a La Cienega com Michael Jackson e ninguém sabe." Nós andamos pelo lugar todo e fizemos compras e ele recebia olhadas estranhas dos caixas. Ele parecia o Sly Stone sob efeito de crack e então ele tirava o cartão de crédito e os caixas falavam, "Não!"

Forger: Quando você estava com Michael você sempre se sentia bem, com energia, e o que fosse que Michael fazia ele queria se divertir enquanto fazia.

Branca: Michael estava muito envolvido criativamente em Off The Wall e Thriller, mas ele estava ainda mais envolvido em Bad. Ele compôs nove das 11 músicas. Michael criava demos em seu estúdio em Hayvenhurst. Aqueles eram os modelos para o que estaria no álbum. Ele era o arquiteto do álbum em cada sentido da palavra.

Forger: Michael disse "Nós vamos começar algumas músicas novas." Eu nunca sabia quando iríamos começar uma música e para quê ela era, mas a primeira música que trabalhei com Michael foi Dirty Diana. Nós começamos Dirty Diana no Westlake Studios e terminamos no seu estúdio caseiro, em Hayvenhurst, então começamos Al Capone, que depois virou Smooth Criminal e a próxima música depois desta eu acho que foi Hot Fever, que virou The Way You Make Me Feel.

Phillinganes: Quando começamos a trabalhar em Bad, as idéias de Mike se tornaram mais fortes e claras. Músicas como Al Capone, títulos assim, mesmo como títulos de trabalho, mostram que Michael tinha uma enorme abordagem cinematográfica na criação da sua música.

Forger:
Michael sempre quis ser um contador de histórias. Ele queria um começo, um meio e um fim, e ele queria que fosse uma história que pudesse ser traduzida não apenas em música mas em um maravilhoso - o que Michael sempre chamava de "curta-metragens", ao invés de "videoclipes".

Afrojack: O profissionalismo sônico no álbum Bad é simplesmente de outro nível. Hoje em dia eles fazem muito disto, mas naquela época era a novidade da novidade, como efeitos doidos de estéreo, em um nível técnico de engenharia e produção musical.

Lee: Quando o assunto era trabalho, ele era um perfeccionista. Ele tinha uma tremenda ética de trabalho. Ele não vai dizer, "Estou cansado," ele não vai dizer nada. Até que esteja pronto, ele vai dizer, "Vamos lá, vamos terminar isto, vamos fazer o melhor que podemos, não vamos procurar atalhos." Seja criativamente ou financeiramente, ele não procurava atalho algum.

Afrojack: Tem muita música saindo e se você quer ser o melhor, tudo tem que ser o melhor, incluindo a produção técnica e os aspectos técnicos da produção musical.

Forger: Não era incomum que uma faixa fosse gravada várias vezes, fosse o ritmo ou um arranjo, até que você atingisse a coisa certa. Quando você trabalha com pessoas desse calibre e você ajusta esses parâmetros e chega ao certo você sente, finalmente, é isso. Todo mundo entende na hora quando você chega na fórmula certa.




Traduzido por Bruno Couto Pórpora