quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Jackson Five: O grupo mais quente da indústria fonográfica tem de ir para a cama às dez (Look, Agosto 1970)

Look, 25 de agosto de 1970

Seus álbuns são desejados por milhares de adolescentes, seus rostos de menino gravados nas mentes de milhões de jovens americanos. Injetando o soul celestial com a ginga leve da musica chiclete, cinco estudantes negros americanos chamados Jacksons apareceram com um novo e quente som. Entre grandes arranjos cheio de swing, as letras são divididas entre a liderança de Michael, dez anos, e os encantos de Marlon, 13 anos, Jermaine, 15, Tito, 16, e Jackie, 19. Joe Jackson, o pai dos meninos, era um metalúrgico em Gary, Indiana, que sempre sonhou com sucesso na música mas nunca o conseguiu. Quando seus filhos começaram a demonstrar um talento musical - Michael tinha apenas quatro anos na época - Jackson começou a inscrevê-los em shows de talento amadores, primeiro em Gary, e então ao redor do estado. Viajando pelo leste em um ônibus Volkswagen, o grupo se apresentava em shows de finais de semana em faculdades ou em teatros negros. No ano passado, o prefeito de Gary, Richard Hatcher, os apresentou a Diana Ross, estrela das Supremes (agora em carreira solo) e ela ajudou a conseguir um contrato de gravação com a Motown. Em menos de um ano eles ganharam aclamação nacional, cujo fim não parece estar nenhum pouco perto.

Em um final de semana há não muito tempo atrás, o Jackson Five viajou de avião de Los Angeles, onde eles vivem agora, para dar um show no Convention Hall da Filadélfia. Além de seu pai Joe, dos primos Johnny Jackson (que toca bateria no grupo) e Ronnie Rancifer (que toca órgão e piano), sua comitiva incluía Suzanne de Passe, uma jovem "estilista" que ajuda os garotos a aperfeiçoarem sua performance, o coordenador Tony Jones, que lida com os detalhes logísticos, um fotógrafo da Motown, um fotógrafo de revista, uma equipe de cinegrafistas de cinco homens contratada pela Motown para filmar o show, o motorista dos Jacksons, e uma professora que os acompanha em viagens para fora da cidade. Junto com o grupo veio um caminhão lotado de amplificadores e outros equipamentos eletrônicos. No palco do cavernoso Convention Hall, o Jackson Five irrompeu em uma amostra de intrincado trabalho de dança e música, com Michael se contorcendo e gemendo numa combinação de James Brown e Sammy Davis, Jr., juntos em uma única versão miniatura. As canções do Jackson 5 vendem sexo limpo para a platéia pré-adolescente. Na música The Love You Save, Michael confidencia a uma colega imaginária da escola: "Isaac disse que te beijou debaixo da macieira, quando ele segurou sua mão pela primeira vez ele sentiu a eletricidade! Quando Alexandre te ligou, ele disse ter tocado o apito, Christopher descobriu, você está muito além do seu tempo." De alguma forma, vindo dos lábios deste garoto de dez anos, é tudo muito crível. Debaixo do sexo precoce ("Sente, garota, eu acho que te amo!"), a música tem uma batida de swing e blues que faz você se mexer.

Faz apenas um ano desde as turnês no ônibus Volkswagem, mas os Jacksons percorreram um longo caminho neste tempo. Eles se apresentaram em programas de TV de grandes emissoras, como o Sullivan e o Griffin várias vezes, as cartas de fãs continuam a chegar e os fã-clubes se proliferam. Mais significativamente, ofertas chegam de lugares como Las Vegas e Londres (o hit ABC chegou ao topo das paradas inglesas). Mas a maioria das ofertas são recusadas. Os Jacksons são supervisionados pelo cabeça da Motown, Berry Gordy Jr., que desenvolveu as Supremes, Diana Ross, os Temptations e outros grupos de sucesso. Gordy está firme em manter as más vibrações longe dos Jacksons. Junto com Joe e Katherine Jackson, os pais dos garotos, ele toma grandes decisões em suas vidas. Jackie, o mais velho, se formou em junho, e todos os outros continuam a frequentar colégios públicos de Los Angeles. (Uma escola teve de mudar seu telefone várias vezes por conta de fãs jovens que telefonavam para falar com Michael.) E seus shows são espremidos em feriados ou finais de semana. Joe Jackson exerce uma mão firme no fluxo pulsante da nova popularidade dos garotos. "Você tem de trabalhar muito para manter as coisas em proporção," ele diz. "Eu digo a eles o que aconteceria se eles mudassem e deixarem isto subir à cabeça. Isto é algo que eu nunca quero ver."

Então os jovens astros mantém um rígido horário que começa às sete da manhã, quando eles acordam para ir à escola, e termina às dez quando eles vão para cama. Inseridos em algum lugar no meio estão os ensaios da tarde, sessões de gravação, dever de casa, um pouco de composição (Michael colabora com Jermaine e Tito), entrevistas e - se o tempo permite - um jogo de beisebol com os filhos de Gordy e o irmão mais novo de Diana Ross, Chico. Com tal rotina, manter os garotos "apenas garotos" é muito mais difícil do que possa parecer, mas entre os Jacksons e Gordys mais velhos, funciona. Em casa com o restante da família - irmãs LaToya, 14, Janet, 4, e irmão Randy, 7 (uma irmã casada, Maureen, 20, mora em Kentucky), um cão alemão chamado Lobo e três ratos de estimação, os garotos são parte de um clã bem próximo. Katherine Jackson, uma mãe calma porém firme, ajuda a manter a cabeça de todo mundo no lugar. "Eu acho que sempre soube que Michael era uma criança diferente," ela diz. "Desde o início, ele sempre foi muito musical. E, é claro, ele nos faz rir o tempo todo." Michael é o orgulho dos Jackson. Aos dez anos, ele tem uma aura que vai muito além da sua idade. Um mímico nato, ele pega coreografias e as melhora com seu próprio gênio especial. Embora Michael receba muita atenção, ele se dá bem com seus irmãos. "Eles sabem que ele é cantor líder," diz Joe Jackson, "e cada um tem seu próprio papel. Nós funcionamos juntos nesta família."

O pulsante som do Jackson 5 provou ser demais para os vizinhos em sua primeira casa em Hollywood Hills, onde o baixo de Jermaine e o órgão amplificado de Ronnie Rancifer ressoavam pelo canyon. Então eles mudaram para uma nova mansão em Beverly Hills, com piscina e uma espaçosa sala para ensaios. Apesar de terem lançado vários sucessos, os Jacksons não pretendem parar por aí. Randy, que toca bongô, pode entrar para o grupo, fazendo do Jackson Five um ainda mais quente Jackson Six.

Traduzido por Bruno Couto Pórpora.