terça-feira, 8 de julho de 2014

'Victory Tour' abre em Kansas (NY Times, Julho 1984)

New York Times, 8 de julho de 1984
Por Robert Palmer

O primeiro show da Victory Tour dos Jacksons, a turnê que está sendo apontada como a mais espetacular e, potencialmente, a mais lucrativa da história da música pop, teve início na noite da última sexta-feira, em Kansas City, Missouri. E os minutos iniciais do show certamente foram espetaculares.

Em meio a fumaça, flashes de luzes e raios laser, uma voz entoando, "Levantem-se, todo o mundo, e segurem-se," e uma tempestade de estrondoso som eletrônico e um bando de criaturas cabeludas - parecidas com algumas das criações do recente filme de fantasia O Cristal Encantado - se arrastaram para o palco e se reuniram em torno de uma espada que parecia estar cravada em uma grande pedra.

Vários dos cinco irmãos Jackson que estão se apresentando nesta turnê tentaram puxar a espada da pedra e não conseguiram. Finalmente, um deles conseguiu, como o Rei Arthur fez. E, é claro, que foi Michael Jackson.

No momento, Michael Jackson é a propriedade mais quente da música popular. Seu mais recente álbum, Thriller, lançado no final de 1982, já vendeu quase 35 milhões de cópias no mundo todo. O novo álbum dos Jacksons, Victory, apresenta Michael Jackson em apenas três músicas; as outras cinco faixas foram compostas, produzidas e cantadas por várias combinações dos outros irmãos Jackson - Jackie, Jermaine, Marlon, Randy e Tito.

Sob Todos os Holofotes

Mas Michael Jackson sempre foi o ponto focal dos concertos do grupo, e ele esteve no centro das atenções durante a maior parte do show de sexta à noite.

Exceto por um breve - e incrivelmente eclético - set de quatro canções de Jermaine Jackson, cuja carreira solo produziu várias músicas de sucesso, Michael foi o cantor, dançarino e front-man principal durante todo o resto do show, o qual não incluiu uma única música do novo álbum Victory.

Na verdade, a maioria das músicas foram de Thriller e do álbum dos Jacksons de 1980, Triumph - hinos alegres e bem-humorados. Mas embora ele faça o papel de sex symbol e entertainer com performances vocais que são finamente trabalhadas e cuidadosamente detalhadas, e com a dança pop mais fluída e original desde James Brown em seu auge, as canções de Michael Jackson também têm seu lado obscuro.

A sensação de Medo


Partes do show dos Jacksons jogaram deliberadamente com a sensação de medo que paira sob a superfície de canções como Heartbreak Hotel, Billie Jean e Thriller. A primeira delas veio logo no início do show de sexta e pareceu saltar para a vida como um canivete sacudindo aberto, com letras para combinar:

As we walked into the room, there were faces staring
Glaring, tearing through me
Someone said welcome to your doom



Apesar dos pedidos do público para escutar ao que Michael Jackson se referiu como "o material antigo", hits do começo e meio dos anos 1970, quando o grupo familiar era conhecido como o Jackson Five, o grupo comprimiu algumas destas canções em uma um tanto apressada medley. Mas ao final de I'll Be There, Michael Jackson parou o show com um solo vocal sem acompanhamento e sem letras, dominando a canção com sua intensidade e carisma.

Ele gemia como um pregador religioso, mostrando seu alcance vocal e mais de suas profundas raízes na música gospel. Então ele mudou abruptamente de estilo para um tom de jazz e levou a próxima música, Lovely One, do álbum Triumph.

A Conclusão Escaldante

Depois de uma curta pausa e tempo para mudanças de figurino, os Jacksons retornaram para a conclusão escaldante do show. Houve mais cenas à base de filmes de terror, que introduziram as poderosas performances de Beat It e Billie Jean, de Thriller, e Shake Your Body, um hit anterior de Michael Jackson que concluiu a performance de 90 minutos da noite.

Ao final da apresentação, Michael Jackson começou a soar rouco e parecia perder o fôlego. Mas ele cantou e dançou magnificamente, com estilo, graça e energia incansável.

Os outros Jacksons cantaram ricas harmonias de apoio, quase irrepreensíveis, mas enquanto a nova "Vitória" é o seu álbum [Victory], o show de sexta foi principalmente um triunfo para o seu irmão mais conhecido,




 Traduzido por Bruno Couto Pórpora