sexta-feira, 7 de setembro de 2012

John Branca Relembra Bubbles e Catálogo dos Beatles

Bloomberg News, 4 de setembro de 2012
Por Farah Nayeri

Quando John Branca se casou em 11 de dezembro de 1987, Bubbles, o chimpanzé, foi um dos convidados.

"Ele estava completamente vestido com um terno com bolso," lembra Branca, advogado e amigo de Michael Jackson, e agora o co-executor e co-empresário de seu Espólio.

Três anos após a morte de Jackson, Branca, 61 anos, esteve no Festival de Cinema de Veneza para promover Bad 25 - um vívido documentário sobre os bastidores do álbum de 1987, dirigido por Spike Lee. Branca é o produtor executivo.

Nós nos encontramos no terraço de frente para o mar no Excelsior Hotel na Ilha Lido de Veneza, após uma breve mesa redonda presidida por Lee, memoravelmente vestido com uma camiseta de Bad, uma boina preta, e um grande crucifixo composto de pequenos crânios.

Lee preferia que Bad 25 fosse lançado nos cinemas ao invés de diretamente na TV. Ele reclamou que hoje os jovens assistem a filmes em seus smartphones, mesmo pela primeira vez, e aponta para seu filho (nada feliz), que ouve quietamente de trás de uma mesa de sanduíches não comidos.

Branca - de terno preto - relembrou seus tempos com Jackson, quem ele representou nos anos 80 e 90, até 2006. Ele retornou à sua equipe na semana anterior à sua morte.

Motivo Financeiro

Eu pergunto se há motivos financeiros assim como criativos por trás do tributo de 25 anos.

"Sim: Foi altamente divulgado pela imprensa que havia uma quantia substantiva de dívidas," disse Branca. "Então sentimos que precisávamos lidar com isso pelo bem dos filhos de Michael."

Na intimidade, Branca lembrou de Jackson como "sempre respeitoso com as pessoas," "muito divertido e amoroso" e "um pouco brincalhão". Na casa de Jackson, o chimpanzé era uma grande fonte de entretenimento: Ele copiava quem ele visse - incluindo os empregados.

"Bubbles pegava esse pano de chão," Branca disse. "E Michael brincava com ele: 'Oh, Bubbles, você está limpando novamente!'"

Jackson era também muito próximo de Barry Gibb dos Bee Gees - ele era o padrinho de um dos filhos de Gibb - e de Marlon Brando, cuja filho trabalhava para Jackson e ainda trabalha para o Espólio, segundo Branca.

Competição com Prince

Em contraste, a relação de Jackson com Prince era gelada, e havia uma "competição saudável" entre eles. Até que, um dia, Jackson pediu a Branca que organizasse uma reunião entre eles para discutirem uma colaboração na canção Bad.

"A visão de Michael era de que ele a Prince cantariam como um dueto," Branca disse. "'Quem é mau?' e eles cantariam um contra o outro."

A reunião (a qual Branca não compareceu) não foi boa, e o dueto nunca aconteceu. "Aparentemente Prince trouxe para Michael um presente, e era uma espécie de caixa de voodoo, e Michael ficou convencido de que Prince estava tentando lançar uma feitiço contra ele."

Após o lançamento de Thriller - o álbum mais vendido de todos os tempos - Michael acabou ficando com um "montante significativo de rendimento disponível."

Nunca interessado em prédios ou paraísos fiscais, ele começou a comprar catálogos de música, incluindo o de Sly & The Family Stone. Quando o catálogo dos Beatles chegou ao mercado, Jackson pediu a Branca que entrasse em contato com Yoko Ono e Paul McCartney.

Ono "disse que ficaria muito feliz." O advogado de McCartney disse que ele não iria fazer propostas. Após um ano, Jackson pagou $47,5 milhões pelo catálogo. Ele agora é parte de um conglomerado que Branca descreve como o maior catálogo musical no mundo, no qual o Espólio de Michael Jackson tem uma participação minoritária.

Qual dos seus filhos provavelmente seguirá os seus passos?

"Eles são um pouco jovens para prevermos isso," Branca disse. Mesmo assim ele não se conteve e partilhou um pressentimento. "Paris é muito carismática, e ela já manifestou interesse em uma carreira no cinema."

"Eu posso vê-la fazendo isso," ele falou da filha de 14 anos de Jackson, que poderá um dia promover o seu próprio filme em Veneza.



 Traduzido por Bruno Couto Pórpora