CNN, 5 de janeiro de 2011
Por Alan Duke
O antigo chefe de segurança de Jackson, Faheem Muhammed, disse que ele e o guarda Alberto Alvarez viram Murray agachado perto da cama de Jackson "em estado de pânico perguntando, 'Alguém sabe fazer RCP?'"
"Eu olhei pro Alberto porque nós sabíamos que o Dr. Murray era um cardiologista, então ficamos chocados," disse Muhammed.
Quando o advogado de defesa Ed Chernoff perguntou se talvez Murray estivesse apenas pedindo ajuda porque estava cansado, Muhammed disse "a forma como ele perguntou era como se ele não soubesse fazer RCP."
Jackson parecia estar morto na hora, com "seus olhos abertos e boca aberta, deitado," ele disse.
O promotor David Walgreen disse que Murray performou "RCP ineficiente com uma mão enquanto o paciente estava inclinado em uma cama." Duas mãos com o paciente inclinado em uma superfície dura é o método apropriado, ele disse.
Muhammed, terceira testemunha do dia de abertura da preliminar, disse que não viu Murray fazer RCP em Jackson antes dos paramédicos chegarem e o levarem para o Ronald Reagen UCLA Medical Center.
A mãe de Jackson, Katherine, irmã La Toya, e irmãos Randy e Jackie sentaram na segunda fila da corte durante a audiência de terça.
Os dois filhos mais velhos de Jackson, Prince e Paris, estavam no quarto do pai quando o drama desenrolava logo após o meio dia de 25 de junho de 2009, disse Muhammed.
"Paris estava no chão de joelhos no chão chorando," ele disse.
As crianças saberiam duas horas depois que o pai deles havia falecido quando o Dr. Murray e o empresário de Jackson, Frank DiLeo, conversaram com elas no hospital.
"Frank chegou e disse 'Seu papai teve um ataque do coração e morreu," depôs o assistente pessoal de Jackson, Michael Williams.
O juíz Michael Pastor da Suprema Corte de Los Angeles decidirá se há evidências o suficiente para levar Murray a julgamento sob a acusação de homicídio culposo. As audiências preliminares devem durar de duas a três semanas, com 20 ou 30 testemunhas.
Murray esperou pelo menos 21 minutos após encontrar o popstar Michael Jackson sem respiração antes de chamar uma ambulância, um promotor disse no início da audiência preliminar de Murray nesta terça.
"Pelas evidências, Michael Jackson estava morto no quarto em 100 North Carolwood antes da chegada dos paramédicos," disse o promotor do distrito de Los Angeles, David Walgren.
O médico legista concluiu que Jackson morreu de uma "intoxicação aguda de propofol", em combinação com "os efeitos contributivos dos benzodiazepínicos," disse Walgren.
Propofol é um poderoso anestésico usado em cirurgias, e os benzodiazepínicos eram sedativos que Murray mais tarde admitiu ter dado a Jackson na manhã antes de sua morte, ele disse.
"Michael Jackson estava se preparando para uma das turnês mais importantes de sua vida nos meses anteriores a sua morte", disse Walgren.
O time de defesa de Murray insinuou que argumentará que Jackson estava sob pressão do promotor dos shows, o que o levou a exigir um tratamento para ajudá-lo a dormir.
Kenny Ortega, que dirigiu o que seria a série de shows This Is It, foi o primeiro de 30 testemunhas a serem convocadas pela promotoria.
Ortega descreveu Jackson como "envolvido, ativo, participativo" no seu último ensaio, que terminou apenas 12 ou 14 horas antes da morte do cantor.
"Ele estava muito feliz e tivemos um dia absolutamente fantástico," testemunhou Ortega.
Mas Ortega descreveu um diferente e "assustador" Michael Jackson no ensaio do Staples Center em 19 de junho, seis dias antes de sua morte.
"Eu sentia que ele parecia, sabe, realmente perdido," disse Ortega. "Era assustador. Eu não sabia o que estava errado. Eu não conseguia entender."
Ortega sugeriu a Jackson que voltasse para casa.
Ele foi convocado para uma reunião na casa de Jackson no dia seguinte, onde ele foi "censurado" por Murray por ter enviado Jackson para casa na noite anterior, disse Ortega.
"O Dr. Murray disse para mim que esta não era a minha responsabilidade e ele pediu a mim que não agisse como o seu médico ou psicólogo," ele disse.
Ortega disse que foi uma reunião emotiva, mas ele nega ter gritado com Jackson. "Não houve gritos," ele disse.
"Michael disse 'Eu sei que você me ama e que você se importa comigo, mas você não precisa se preocupar. Eu estou bem,'" disse Ortega. "Foi a voz do Michael que me acalmou."
Randy Philips, o chefe da promotora de shows AEG Live, e o empresário de Jackson Frank DiLeo estavam nesta reunião, junto com Murray e Jackson, disse Ortega.
Um processo civil aberto no ano passado pela mãe de Michael Jackson contra a AEG Live alega que Phillips visitou a casa de Jackson em 18 de junho de 2009, para avisar que "se Jackson perdesse os próximos ensaios, eles iriam 'tirar a tomada' do show."
"AEG disse a Murray que ele tinha de se certficar de que Jackson chegasse aos ensaios", acusa o processo de Katherine Jackson.
O promotor disse ao juíz Pastor que médicos especialistas iriam depor que Murray, contratado como médico pessoal de Jackson enquanto ele se preparava para sua turnê de retorno, realizou "um número de ações" que "demonstraram um desvio extrema do padrão de tratamento."
Em acréscimo ao RCP performado por Murray que o promotor descreveu como "ineficiente", isto também incluiria administrar propofol em casa sem equipamento de monitoramento adequado. Nenhum equipamento médico que poderia monitorar o pulso ou respiração de Jackson foram encontrados no quarto, disse Walgren.
A demora de 20 minutos em chamar o 911 foi contrária ao padrão de tratamento, ele disse.
Quando os paramédicos chegaram, Murray não contou a eles sobre o propofol ou os outros remédios dados a Jackson naquela manhã, disse Walgren. Isto, também, foi contrário ao padrão de tratamento, ele disse. Murray também não falou sobre as drogas aos médicos da sala de emergência que estavam tentando ressuscitar Jackson no Ronald Reagan UCLA Medical Center, disse Walgren.
Murray está livre sob fiança de U$75,000.
Traduzido por Bruno Couto Pórpora.