Associated Press, 4 de janeiro de 2011
Por Linda Deutsch
O Dr. Conrad Murray e outros sugeriram que Jackson não deveria ter sido mandado para casa porque ele estava fisicamente e emocionalmente bem, testemunhou Ortega, acrescentando que foi dito a ele para não tentar ser o médico ou psiquiatra de Jackson.
O depoimento se deu durante uma audiência preliminar para determinar se Murray, o médico pessoal do cantor, irá a julgamento sob a acusação de homicídio culposo.
As autoridades afirmam que Murray deu a Jackson uma dose letal do poderoso anestésico propofol e outros sedativos no quarto de sua mansão alugada antes dele morrer, em 25 de junho de 2009.
O promotor David Walgren disse em seu discurso de abertura que Jackson já estava morto quando Murray buscou ajuda e tentou ocultar a administração de propofol submetida ao astro, ordenando a um guarda-costas que coletasse os objetos antes dos paramédicos serem chamados.
Mais adiante na audiência, Ortega testemunhou que Jackson havia ido cedo para casa após ensaios no dia 19 de junho.
"Ele não parecia nem um pouco bem," testemunhou Ortega. "Michael estava gelado e falava devagar... ele não estava em condições para ensaiar."
Ortega também disse que Jackson parecia perdido.
"Era assustador. Eu não conseguia entender," disse Ortega. "Eu disse, 'Michael, este é o melhor lugar para você estar ou você prefere ir para casa e ficar com sua família? Ele disse, 'Teria algum problema se eu fosse?' Eu disse, 'Não', e ele foi embora."
Na manhã seguinte, Ortega disse, ele foi chamado à casa de Jackson, onde foi confrontado por Murray, Jackson, Frank Dileo, o empresário do astro, e Randy Philips, chefe da AEG, a companhia produzindo a turnê de retorno de Jackson, This Is It.
"Ficou rapidamente claro que eu era o motivo da reunião," disse Ortega. "O Dr. Murray estava irritado porque eu mandei Michael de volta na noite anterior e não o deixei ensaiar."
Ortega disse que ele respondeu que, "Na minha opinião, Michael não estava saudável o suficiente para estar no palco, e poderia ser perigoso para ele. Eu disse que foi escolha do Michael retornar para casa."
O coreógrafo continuou dizendo que não houve problemas em ensaios posteriores, e que os dois dias que precederam a morte de Jackson foram "fabulosos".
Em 23 de junho, ele disse, "Era o Michael que todos conhecíamos... ele estava muito feliz e tivemos um ótimo dia."
Ele relembrou sua última conversa com Jackson.
"Ele disse que ele estava muito, muito feliz. Ele sentia que o sonho estava ali. Ele disse a todo mundo que os amava e apreciava o trabalho duro," disse Ortega.
Outra testemunha, o assistente pessoal de Jackson, Michael Amir Williams, disse que Murray ligou para ele no dia em que o superastro morreu, frenético, pedindo a ele que chamasse os guarda-costas de Jackson, que estava no quarto.
Murray disse a ele que o cantor havia tido uma "reação alérgica" e que ajuda imediata era necessária, mas não pediu a ele que ligasse para a emergência, disse Williams.
Williams descreveu a cena caótica na mansão e no hospital e relembrou do doloroso momento quando DiLeo contou aos filhos de Jackson que o pai deles havia morrido. Williams disse que ele e Murray e todos os demais choravam.
Faheem Muhammad, um dos guarda-costas de Jackson, testemunhou que dois dos três filhos do pop star, Prince, então 12, e Paris, que tinha 11, assistiram as tentativas desesperadas de Murray de ressuscitá-lo no quarto de sua mansão alugada.
Muhammad tirou as crianças do quarto. Paris estava no chão chorando, e "eu percebi que precisávamos tirá-las de lá," ele disse.
A mãe de Jackson, Katherine, sua irmã LaToya e seu irmão Jackie estiveram na audiência, enquanto Murray permaneceu sentado, tomando notas.
Murray estava dando propofol a Jackson, um anestésico normalmente administrado em hospitais, seis noites por semana por aproximadamente dois meses antes de sua morte, o promotor disse em seu discurso de abertura.
O advogado de Murray se recusou a dar um discurso de abertura.
Ao final das audiências, um juíz irá determinar se há evidências o suficiente para Murray ir a julgamento. O cardiologista de Houston se declarou inocente e seus advogados disseram que ele não deu nada a Jackson que deveria tê-lo matado.
Walgren disse que irá contar com os depoimentos de Murray à polícia, assim como também mensagens de textos, arquivos telefônicos e depoimentos de especialistas para provar que o doutor deveria ir a julgamento.
Ele disse que as evidências revelarão que Murray esperou pelo menos 21 minutos para ligar para o serviço de emergência e ordenou a um guarda-costas que o ajudasse a se livrar de evidências antes de buscar ajuda. Na possibilidade mais favorável, disse Walgren, Murray esperou pelo menos nove minutos antes de ligar para os paramédicos.
Walgren também planeja convocar vários especialistas que ele disse que iriam testemunhar que "há um número de ações realizadas pelo Dr. Murray que demonstram um extremo desvio do que seria o padrão de tratamento."
O promotor também disse que convocaria um guarda-costas para depôr que Murray o ordenou coletar objetos do quarto de Jackson.
Traduzido por Bruno Couto Pórpora.