sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Showman da Morte

Por Bruno Couto Pórpora


Você é um cardiologista. Michael Jackson está morrendo ao seu lado. O que você faz? Se você for o Dr. Murray/Morte, já sabemos: nada de massagem cardíaca! Se você for um seguidor do assassino do Rei do Pop, provavelmente fará algumas ligações do seu celular enquanta manda sms pelo outro - sim, você tem dois celulares a seu dispor no horário da morte mas você, como Murray, terá a pachorra de declarar que não ligou para a emergência porque não haviam telefones na casa de Michael Jackson! Se não colar, depois você diz que não sabia o endereço dele.

Esta é apenas um ínfimo exemplo das contradições reveladas nos últimos dias de audiência, que levaram uma jornalista da CNN a declarar que até a mídia presente ficou horrorizada na corte, afinal, o que temos agora é a história de um médico que matou Michael Jackson e tentou encobrir todas as provas de todas as maneiras possíveis.



Os paramédicos revelam acreditar que MJ estava morto de 20 a 60 minutos antes da hora em que chegaram ao quarto (12h26 em LA). O que o Dr. Morte fez durante este período de 20 a 60 minutos (além de falar ao telefone)? A única coisa que podemos indicar é que ele, na tranquilidade de sua cabeça médica pronta para lidar com situações de emergência, percebendo que MJ havia morrido, arquitetou estratégias para não ser incriminado. Desta forma, com a frieza de um psicopata, fingiu fazer massagem cardíaca (pra que usar as duas mãos em um corpo morto?) quando os guarda-costas chegaram no quarto. Pergunta a eles se sabiam fazer a massagem cardíaca (ele precisava deixar o ato dramático que realizava em cima do corpo morto de MJ por um momento, afinal, restavam ainda frascos de lidocaína jogados no chão para esconder).

O segundo ponto mais emblemático da performance de Murray, o showman da morte, é o momento onde ele cessa a respiração boca-a-boca que realizava em MJ (quase um literal beijo da morte) e, ao invés de recuperar o fôlego e prosseguir na diegese de seu papel arquitetado - afinal, ele tem de demonstrar para o guarda-costas que está tentando de verdade ressuscitar o homem mais famoso do mundo -, faz uma pausa, um breve alívio cômico para contar a pertinentíssima anedota sobre nunca ter feito respiração boca-a-boca antes!



Se ainda restam dúvidas sobre o quão malicioso foi o comportamento de Murray naquela manhã, o depoimento mais aterrador é o do paramédico Blount. Segundo Blount, todos já estavam dentro da ambulância com o corpo de MJ prontos para seguirem para a UCLA, mas não podiam ir embora. Motivo? Murray havia sumido. Blount voltou novamente à casa, subiu as escadas e chegou novamente no quarto do crime. O que ele viu? O Dr. Morte recolhendo os frascos de lidocaína que haviam ficado para trás, esquecidos no chão - um desleixo fatal do assassino - e que agora eram colocados por um frenético Murray dentro de uma sacola plástica! A perversidade do assassino não pára por aí. Sua próxima estratégia é de invejar todos os anos que Tom Sneddon gastou para destruir Michael Jackson - e que Murray conseguiu em apenas alguns minutos. Os paramédicos relataram que o quarto de Michael estava muito quente. Por que? O aquecedor estava ligado no máximo em pleno verão californiano!! Murray, tendo inundado MJ com propofol (tenham em mente que, segundo a autópsia, MJ tinha propofol até nos olhos!), liga o aquecedor com a intenção quase certa de manter os órgãos de MJ quentes o suficiente para acelerar o processo pós-morte e dificultar o trabalho do médico legista em estabelecer o horário da morte (e sua culpa iminente). Por que Murray não quis que os paramédicos declarassem a morte de MJ no local, quando já haviam obtido permissão médica da UCLA? Porque se isto acontecesse a casa teria sido interditada como cena do crime e cuidadosamente investigada pelas autoridades!


Já no hospital, uma das médicas nos dá uma impressão sugestiva. Ela diz que Murray PARECIA devastado, mas que sua voz soava NORMAL. Se não bastasse, Murray deixa o hospital sob o pretexto de almoçar! O assassinato abre o apetite do showman, um homem que falhou em todas suas "tentativas" de salvar MJ (desde a horrível negligência em não monitorar Michael através de equipamentos, a fazer a massagem cardíaca de forma equivocada e não ligar para a emergência  no horário do acontecimento tendo DOIS celulares ao seu dispor!), mas que não falhou em seus esforços de acobertar o crime que cometeu (ele pede a chef que traga uma testemunha - Prince -, pede a Alvarez que coloque as garrafas de remédios em uma sacola, se recusa a decretar a morte de MJ em casa, não diz aos paramédicos o que deu para Michael). Ora, não estamos diante de alguém que parece estar em pânico absoluto, incapaz de raciocinar, muito pelo contrário; estamos diante de um médico inescrupuloso que, diante da morte de seu paciente, calculou com a estratégia de um psicopata todos os seus passos para que não parecesse culpado!


Não sabemos qual será a exata linha de defesa do Dr. Morte - o próprio advogado de defesa dele se recusou a dar um discurso de abertura na primeira audiência. Todas as indicações até agora são de que vão retratar Michael Jackson como um viciado fora de controle capaz de conseguir injetar uma dose letal de propofol em si mesmo enquanto o Dr. Morte vai ao banheiro por dois minutos. Isto foi o que Murray relatou ao departamento de polícia de LA anteriormente: que deixou o quarto por cerca de dois minutos e quando voltou percebeu que MJ não respirava mais.


No entanto, parte desta teoria cai por terra com o depoimento da médica da UCLA, Richelle Cooper, que testemunhou que Murray disse estar presente no momento do ataque cardíaco. Ou seja, nada da historinha do banheiro com MJ, um junkie por excelência, auto-injetando propofol. Será que Michael teria sobrevivido se ele tivesse feito a massagem cardíaca com AMBAS as mãos? Nós nunca saberemos! O que sabemos é que a teoria de Michael Jackson, o viciado, deve ser seguida de alguma forma. O advogado de defesa foi insistente no interrogatório de Kenny Ortega ao formular repetidas perguntas envolvendo o nome de Karen Faye. Faye, como sabemos, era a maquiadora de MJ que de 24 para 25 de junho mudou seus discursos Facebookianos de "os ensaios estão maravilhosos, Michael está maravilhoso" para "todo mundo podia ver que ele não estava bem, eu tentei impedir", etc. Desde então, ela arrebanhou uma horda de fãs e, pelo notado, também chegou à atenção da defesa de Murray. Resta saber se Janet, Katherine e demais membros da família Jackson também serão de algum uso para a defesa com seus insistentes discursos, antes e pós-morte de MJ, sobre "intervenções" perdidas no espaço do tempo (datas não parecem importar para eles) e sobre como MJ estava em "negação". Torcemos para que a defesa não tenha gravado os programas da Oprah no último ano e meio!


Para finalizar, um recado a estes seres, a quem eu recuso reconhecer como seres humanos, que repetidamente criticaram o comportamento dos filhos de Michael Jackson desde a morte do pai. Seja porque pareciam muito "felizes" em alguma foto, como se isso fosse um atestado de estado de espírito, ou porque estavam muito "carrancudos" em outra. Eles parecem querer coisificar os filhos de MJ como fetichizaram o pai deles, que acreditavam, em sua demência, viver para satisfazer suas vontades e anseios. Nesta semana tivemos a revelação chocante de que tanto Prince como Paris viram o pai morto no chão de seu quarto, enquanto o Dr. Murray fazia sua massagem cardíaca com uma mão. Não existem palavras para expressar o trauma que estas duas crianças, a quem MJ mais amava no mundo do que qualquer outra coisa, vão carregar por toda a vida. Sejam pelo menos dignos com o sofrimento legítimo alheio já que vocês, coisas que são, são incapazes de sentirem dor!