The Times, 4 de julho de 2009
Por Dan Sabbagh Quando Michael Jackson morreu na semana passada, Randy Philips, o promotor que investiu $50 milhões no retorno do Rei do Pop, parecia se dirigir para um desastre financeiro.
Convocado à mansão de Jackson em Beverly Hills após uma ligação apavorada do empresário do cantor, Frank DiLeo, o sr. Philips chegou assim que a ambulância deixava os portões, forçando-o a retornar e seguir para o centro médico de UCLA. Lá, ele esperou uma hora, uma hora e meia com o sr. DiLeo antes de receber a trágica notícia: o superastro que deveria lotar 50 noites na O2 arena em Londres estava morto.
Se o sr. Philips - chefe executivo da AEG Live, companhia por trás da O2 arena - estava abalado, ele não deixou que transparecesse. AEG Live havia gasto cerca de $30 milhões em custos de produção para os shows de Jackson, e havia adiantado ao cantor algo entre $10 e $20 milhões, de acordo com estimativas da indústria. Isto somava $50 milhões e ainda haviam os $85 milhões em ingressos vendidos que haviam de ser devolvidos. E 50 noites para preencher.
O que aconteceu desde então tem sido uma grande aula de relações públicas. A onda de simpatia por Jackson, na verdade, criou uma enorme oportunidade comercial enquanto a AEG folgadamente escapou de ser vista como culpada por contratar o cantor para 50 shows ou pagar seu médico polêmico, doutor Conrad Murray.
O Sr. Philips começou a tomar o comando nos bastidores, e a AEG rapidamente desenvolveu uma estratégia que envolvia o lançamento de informações novas a cada dia. No fim de semana após a morte de Jackson, enquanto perguntas se amontoavam sobre como o cantor havia morrido e que tipo de medicação ele estava tomando, a AEG encarou difíceis perguntas sobre o porque a companhia havia concordado em cumprir o salário determinado pelo Dr. Murray. Mas a resposta "Você não discute com o Rei do Pop" parecia ser o suficiente. O foco mudou da companhia para o doutor.
No mesmo momento, o sr. Philips já se referia aos ensaios de Jackson que ocorreram no Staples Centre dois dias antes de sua morte, em um esforço de demonstrar que a AEG não causou sua morte por excesso de trabalho. Com o funeral não acontecendo até a próxima semana e o resultado do exame toxicológico em cerca de um mês, a AEG se tornou uma das poucas fontes de informações novas sobre a história.
Uma olhada na política do seguro revela que cerca de $17.5 milhões possivelmente serão recuperados. Mas há dúvidas de que a AEG Live receba seu dinheiro de volta se a autópsia de Jackson revelar que ele estava seriamente mal quando assinou o contrato para a turnê This Is It. Lucros perdidos nas datas em que o O2 estará vazio não são cobertos, e enquanto as datas de Jackson para 2010 são quase certas de serem preenchidas, será difícil que o mesmo ocorra com 27 datas para o verão deste ano.
Uma atitude astuta de Philips funcionou bem. Quem comprou os ingressos tinha a chance de recebê-los ao invés de ter o dinheiro de volta. Há indicações de que 40 ou 50 por cento aceitarão esta oferta, salvando a AEG de perder $40 milhões. Também se tornou claro que a AEG tem fotografias e material em vídeo dos últimos ensaios de Jackson. O valor destes aumenta com o frenesi de vendas do catálogo de Jackson.
O sr. Philips lançou as primeiras fotos de Jackson nos ensaios na terça-feira e um vídeo na quinta. E há também conversas sobre um DVD, que lideraria em vendas e traria um lucro inestimável para o espólio e seu editor, AEG.
Não é de surpreender que o sr. Philips possa dizer: estou com o coração partido, mas a companhia está bem.
Traduzido por Bruno Couto Pórpora