sexta-feira, 23 de maio de 2014

Conheça os ilusionistas do fantasma de Michael Jackson

USA Today, 23 de maio de 2014
Por Marco Della Cava

SAN RAFAEL, Califórnia - Michael Jackson voltou à vida no último domingo na cerimônia Billboard Music Awards. E a equipe que orquestrou sua ressurreição high-tech está radiante em meio à fadiga.

"Nos assustou demais ter de criar uma imagem que tinha de parecer e funcionar por quatro minutos como um entertainer que todo o mundo conhece," conta Frank Patterson, CEO da empresa de efeitos digitais, Pulse Evolution. "Você tem de ver os passos dele e acreditar que é ele."

Após uma semana de especulação nas mídias sociais sobre como o efeito foi realizado, a empresa com sede na Flórida convidou com exclusividade o USA TODAY para seus estúdios em Bay Area, localizados na antiga sede da Industrial Light & Magic de George Lucas, para explicar os detalhes por trás da performance de Slave to the Rhythm, tirada do novo álbum do falecido cantor, Xscape.

Mas primeiro, uma súplica. "Não é um holograma," afirma o executivo da Pulse, John Textor, sentado na sala onde o efeito de Jackson foi trabalhado com Patterson e o supervisor de efeitos especiais, Stephen Rosenbaum, que trabalhou em Avatar.

Então o que é? "Uma ilusão," diz Patterson.

De fato, a Pulse refinou uma técnica de mágica do século 19 chamada "fantasma de Pepper", a qual Taylor - então à frente da empresa gráfica vencedora do Oscar, Digital Domain - também empregou para convocar o fantasma do rapper assassinado Tupac Shakur, no festival de música Coachella, em 2012. O efeito consiste em projetar uma imagem em vidro ou plástico, com um ângulo de 45 graus, que leve a imagem para o campo de visão do espectador.

Mas a ilusão Jackson foi infinitamente mais complexa de se criar. "Tupac não tinha cabelo, e não se mexia muito, e o Michael tinha que se mover," diz Patterson.

Foram assim que as coisas se desenvolveram ao longo de oito meses:

A Pulse primeiramente registrou o pano de fundo dourado de Slave com os dançarinos reais em resolução 8K (TVs 4K são as de tecnologia mais avançada), usando duas câmeras Red Dragon avaliadas em U$50.000. Em seguida, um Jackson por volta de 1991 (período escolhido pelo Espólio de Jackson) gerado por computador foi submetido a um processo árduo de animação que foi crucial para o seu sucesso.

"Você tem de atravessar o que é chamado de 'vale da estranheza', que diz que quanto mais perto você chega de criar um humano digital que pareça real, mais assustador fica," diz Patterson, acrescentando que a ilusão ainda carecia de credibilidade duas semanas antes da premiação. "No final, com todos os detalhes complexos no rosto de Michael e os gestos, sentimos que conseguimos ultrapassar [o vale da estranheza]."

Na hora do show, a Pulse pendurou seis projetores de alta potência e exibiu as imagens de Jackson cantando e dançando em alta resolução através de um pedaço de Mylar.

Para o público reunido no MGM Grand de Las Vegas, parecia que o Jackson de tamanho-real estava na frente deles. A ilusão foi completada com a presença de dançarinos reais (em primeiro plano) e banda (ao fundo).

"Quando as pessoas que conheciam Michael melhor começaram a chorar no show, nós sabíamos que tínhamos feito algo [bom]," diz Taylor. "E então começamos a chorar."



 Traduzido por Bruno Couto Pórpora