terça-feira, 27 de agosto de 2013

Jackson adia show de novo e divulga versão de chantagem (O Globo, Agosto 1993)

O Globo, 27 de agosto de 1993
Por José Emílio Rondeau

LOS ANGELES - Enquanto prosseguiam e eram acrescidas de maiores detalhes as acusações de assédio sexual feitas contra Michael Jackson por um dentista de Beverly Hills - incluindo o aparecimento de três outras vítimas - ontem os auxiliares do superastro partiram para o contra-ataque.

Conforme noticiou o Hollywood Reporter, o pai do menino, identificado como Evan Chandler, teria tentado obter de Michael US$20 milhões (cerca de CR$2 bilhões) para estabelecer uma nova firma produtora de filmes. Com a negativa, o dentista teria iniciado uma campanha difamatória.

Em Bangcoc, Michael voltou a cancelar a sua segunda apresentação, transferindo-a para hoje. Através de uma fita de vídeo divulgada numa entrevista coletiva, Michael enviou uma mensagem aos jornalistas e fãs:
- Meu médico aconselhou-me a não cantar até o dia 27 de agosto. Prometo aos meus admiradores que os verei no concerto de amanhã. Amo vocês!

Caso Jackson desista hoje novamente de cantar, os organizadores serão obrigados a cancelar definitivamente o segundo show na Tailândia.

Evan Chandler não é nenhum novato no mundo do cinema: ele foi um dos co-autores do roteiro da nova comédia de Mel Brooks, Robin Hood - Men in Tights. E a idéia para a comédia, por sinal, seria do menino, e não do pai.

Representantes de Michael garantem que as acusações do dentista são falsas. No entanto, a polícia de Los Angeles informou que até agora não recebeu queixa formal alguma contra a pretensa tentativa de extorsão.

O caso, de qualquer maneira, continuava sendo investigado. Segundo uma fonte ligada à polícia, foram levantado mais detalhes sobre um provável relacionamento sexual entre Jackson e o garoto. O astro teria viajado com o menino para Monte Carlo junto com a mãe da criança. Michael e o garoto teriam trocado carícias, variando entre beijos na boca, masturbação mútua e sexo oral.

A família de Michael demonstrou apoio ao Jackson mais famoso num comunicado declarando sua crença "inequívoca de que Michael foi tornado vítima de uma tentativa óbvia e cruel de se aproveitar de sua fama." A Pepsi - patrocinadora da atual turnê mundial do astro, com US$50 milhões empatados na empreitada - e a Sony Music - gravadora de Michael - também prosseguiam apoiando Jackson publicamente. Mas o porta-voz da Pepsi, Ken Ross, optou pela cautela, numa declaração à imprensa. "Somos os patrocinadores desta turnê e nossos planos não mudaram," ele disse, antes de acrescentar que "devido à seriedade das acusações, seria irresponsável especular onde isso vai dar.".