Black Radio, 22 de julho de 1988
Bad quebra recordes
Eles vêm aos milhares. Compram aos milhões. E vivem em praticamente cada canto do globo.
Eles são a legião em escala mundial de fãs de Michael Jackson – um público cuja fascinação com a singular capacidade artística e performática do mega-astro tem gerado números inéditos em vendas de discos e audiência em shows.
Enquanto Michael deslumbrava platéias na Europa quebrando recordes por onde tenha passado durante a primeira metade de sua turnê no continente, seu último LP pela Epic, BAD, estava abalando estatísticas diversas perto de casa – quebrando (e vendendo) seus próprios recordes ao gerar um quinto consecutivo single Número Um: Dirty Diana!
(Singles anteriores de BAD a alcançarem o Número Um: I Just Can’t Stop Loving You, Bad, The Way You Make Me Feel, Man in the Mirror – e prestes a se tornar o sexto Numero Uno, Another Part of Me).
Nós tivemos a oportunidade de conversar com executivos da Epic sobre o fenômeno Michael como manifesto na espetacular performance do LP BAD – que se tornou seu terceiro álbum consecutivo a vender mais de seis milhões unidades domesticamente: um novo capítulo na história da indústria fonográfica norte-americana.
E os números de BAD ficam ainda mais maus... Com vendas impulsionadas pela seqüência de singles de sucesso, as certificações de multi-platina do álbum estão voando mais rápidas do que a velocidade do som, até àqueles níveis estratosféricos ocupados somente pelo próprio mestre – o domínio olímpico de Thriller!
Don Eason, vice-presidente de Música Negra e Promoção de Jazz da Epic, coloca o fenômeno em uma perspectiva concreta e histórica. “Quando eu estava chegando, foi o Jackson Five que capturou a imaginação do público. Agora é Michael Jackson. Na minha faixa etária, há quem tenha filhos ou mesmo netos. Eles todos se interessam por Michael,” contou à BRE. “Estamos testemunhando um gosto da platéia que passa por duas gerações e inclui 25 anos como artista – mas estamos falando de alguém que ainda vai comemorar seu trigésimo aniversário!” (Michael chega à sua terceira década em 29 de agosto.)
"Eu continuo a ficar impressionado com a acessibilidade da música de Michael,” Eason adicionou. “Do funk de Bad e Dirty Diana até a mensagem de Man in the Mirror, ele fala através de uma linguagem musical que não conhece fronteiras. Michael tem a incomum habilidade de alcançar o íntimo do público e seus cinco singles número um de BAD provam isso. Agora estamos indo atrás do sexto e do sétimo – e tudo começa com a rádio.”
As opiniões de Eason na importância estratégica da aceitação das rádios para o sucesso de Michael foram ecoadas por Larry Davis, Direção da Promoção de Música Negra da Epic. “Michael é sem dúvida o maior artista do mundo, assim como um humanitário,” diz Davis. “Não estou certo quanto a quem merece crédito por seu humanitarismo, mas sei que as estações de rádio de música negra podem por direito representar uma porção substancial do crédito por seu status atual como um artista.”
Davis lembra que a identidade musical de Michael no Jackson Five foi inicialmente estabelecida na rádio negra e aprimorada quando a mesma mídia introduziu o Jackson 5 ao mundo. De acordo com Davis, a influência daquela carreira é igualmente forte hoje e contribui grandemente para o contínuo domínio de Michael no mundo do entretenimento. “As bases para todos os cinco singles número um foram estabelecidas nas rádios negras,” ele afirma. “Em todos os registros das estações de rádio negras, Michael chegou ao número um primeiro!”
A estima dos funcionários da Epic para com seu artiste extraordinaire é dividida com o editor da BRE, Sidney Miller, que designou Michael Jackson como o “Artista da Década” na recente BRE Conference ’88. (seu vídeo de Man in the Mirror também venceu naquela categoria.)
A longamente esperada estréia de Michael como artista solo na Cidade do Kansas – que deu o pontapé inicial da turnê dos EUA, a ser continuada em Pittsburgh em 26 de setembro – meramente confirmou o óbvio. Michael Jackson é simplesmente o maior artista do mundo hoje. Ou talvez de todos os tempos.
Em uma exclusiva da BRE, Bob Jones, Vice-Presidente de Comunicações e Relações de Mídia da MJJ Produções, de Michael Jackson, compartilhou interessantes vinhetas da primeira fase da turnê européia – “Cartões Postais da Estrada” – durante uma recente visita à Los Angeles, antes de se reencontrar com Michael em Londres. Bob justificavelmente viveu um caso de deja vu durante a presente turnê – já que acompanhou Michael e seus irmãos em suas primeiras viagens para o Japão e Austrália, ainda em 1973, quando todos eram parte da família Motown.
15 anos para frente e Bob Jones mais uma vez se encontra na estrada com Michael – desta vez sozinho e no ápice do mundo do entretenimento. Aqui estão os “Cartões Postais” de Bob, da turnê recordista de Michael, para os leitores da BRE.
ITÁLIA
Roma – Nós chegamos na terça-feira, 19 de maio, e participamos de uma recepção realizada em honra de Michael na embaixada americana – um amável casarão de oito acres com belos jardins. Foi organizada pelo Embaixador e pela senhora Max Rabb, e Sophia Loren, Gina Lollobrigida, Federico Fellini e Franco Zefferelli estavam entre os convidados. Os três shows de Michael no Stadio Flaminio, todos esgotados, atraíram 45,000 pessoas por noite. Após o primeiro show, a CBS Records International organizou um suntuoso Buffet para 500 convidados. Deixando Roma, nós dirigimos até Florença, onde Michael apreciou a beleza histórica da cidade e visitou o museu para ver a escultura máxima de Michelangelo; “David”.
Turim – 29 de maio. Nos apresentamos no Stadio Communale para uma platéia de 55,000 pessoas. Trens especiais trouxeram fãs de Michael desde cidades próximas, incluindo Milão.
ÁUSTRIA
Viena – Chegamos em 30 de maio e, após um R&R de dois dias, tocamos no Prater Stadion, no dia 2 de junho, para 50,000 presentes.
HOLANDA
Roterdã – 3 de junho. Nossos três shows no Feyenoord Stadium atraíram 45,000 pessoas por noite. Aqui nós vimos uma população negra em evidência pela primeira vez. Eles originariamente vieram da antiga colônia sul-americana Guiana Holandesa, agora chamada Suriname. Não tire nenhuma conclusão, mas encontramos nosso primeiro Kentucky Fried Chicken aqui, também!
SUÉCIA
Gotemburgo – 11 de junho. Esta foi uma parada muito interessante por várias razões. Primeiro, o lugar em si, Eriksberg, foi na verdade um estaleiro convertido em estádio para os dois shows, com presença de 55,000 pessoas em cada. Era acessível somente por balsa, e na primeira noite 150 pequenos barcos se espremeram por uma posição para ouvir o show. A ocasião também foi especial porque Michael conseguiu ver Ragni Lantz Grifin (ex-esposa do meu predecessor na Motown, Junius Griffin, e ela própria uma associada da Motown), que reside aqui. Ao pedido de Gladys Knight, Ragni estava presente no show de talentos de Gary, onde os Jackson Five primeiro chegaram à atenção da gravadora. Ela mais tarde compareceu ao primeiro engajamento hollywoodiano do grupo, no Daisy. Uma reunião tocante para dizer o mínimo!
SUÍÇA
Basiléia – Nós chegamos a Geneva no dia 13 de junho, e após três dias de descanso muito necessário, usamos nossos motores até a Basiléia para um show no Foosball Stadion St. Jakob. Entre os 60,000 presentes estava a querida amiga de Michael, Elizabeth Taylor, com um grupo de dez pessoas, e Sophia Loren, que trouxe um grupo de 25. Também presente estava a ex-estrela de basquetebol do Sacramento Kings, Reggie Theus (agora no Atlanta Hawks) que esteve participando de um torneio de tênis para celebridades em Nice.
ALEMANHA OCIDENTAL
Berlim Ocidental – 18 de junho. Como largamente divulgado na mídia norte-americana, tocamos no Muro, que simbolicamente e literalmente divide esta cidade histórica. Uma platéia selvagemmente entusiástica, estimada entre 45-50,000 pessoas, assistiu à performance de Michael, enquanto a Alemanha Oriental preparou um show ‘competidor’ realizado pela medalhista de ouro olímpica de patinação artística, Caterina Witt, e promovido por Bryan Adams. Mas isso não impediu que 3,000 muito agitados fãs de Michael Jackson através do Muro na Berlim Oriental protestassem contra a recusa de seu governo em deixá-los ver seu ídolo. Nós ficamos comovidos, entristecidos e eternamente agradecidos por sermos cidadãos de uma sociedade democrática.
FRANÇA
Paris – Chegamos à capital francesa em 22 de junho e aproveitamos alguns dias de relaxamento, fazendo compras e apreciando as paisagens. Tivemos uma completa tour dos tesouros de arte do Louvre, incluindo a mágica Mona Lisa. Uma multidão de pelo menos 500 fãs ansiosos se acumulou do lado de fora do nosso hotel constantemente por um relance de Michael. Ele fez um pouco de história aqui, também, se tornando o primeiro artista a tocar no Parc Des Princes (o lugar das visitas do Papa à Paris). Houve 65,000 presentes na primeira noite e 69,000 na segunda! Entre eles estavam Albertine Bongo, filha do Presidente do Gabão, antiga colônia francesa. A propósito, sua mãe, Josephine, é dona dos Estúdios de Gravação Elumba, com sede em Hollywood. Jet-setters foram contemplados com uma balançante pós-festa realizada pela Disco queen internacional Regine, que compareceu ao primeiro show com um imenso grupo e voltou como nossa convidada na noite seguinte.
INGLATERRA
Londres – Enquanto estas anotações são escritas, estou em rota para Londres para os primeiros três (14, 15 e 16 de julho) de sete shows esgotados no Wembley Stadium. Mais um recorde, mas um que confirma o fato de que Michael continua a superar qualquer ato na história das turnês.
Michael atingiu sua indesafiável posição como artista número um no mundo hoje porque ele anda com reis – mas nunca perde o toque comum – e o sentimento de se preocupar com seus semelhantes – nascidos de suas raízes.
Traduzido por Lucas Bucchile