segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Juíz Michael Pastor diz que pode adiar julgamento de Murray

LOS ANGELES - Os advogados do médico de Michael Jackson, insistindo em um julgamento rápido, pareciam dirigidos a um beco sem saída quando o juíz disse nesta segunda-feira que ele não acredita que a defesa esteja pronta para o julgamento e que ele talvez tenha de adiar a data inicialmente planejada, 24 de março.

"Eu estou extremamente angustiado com o estado deste caso e penso se a defesa está preparada para o julgamento e suas obrigações com o Dr. Murray," disse o juíz da Corte Suprema, Michael Pastor.

Os promotores pediram ao juíz que adiasse o início da seleção do júri, e Pastor pediu a eles que apresentem jurisprudência sobre o assunto na quarta-feira, quando ele ordenou que Conrad Murray apareça. O médico, que se declarou inocente, esteve ausente nas últimas audiências sob abrigo de uma isenção que lhe permitiu continuar a trabalhar em suas clínicas no Texas e em Nevada.

A licença médica de Murray na Califórnia foi suspensa por Pastor. O advogado de defesa J. Michael Flanagan disse ao juíz que a urgência de começar o julgamento envolve o medo de Murray de que, se demorar muito tempo, Texas e Nevada também revogarão a sua licença.

Flanagan também sugeriu que Murray está ficando sem dinheiro para financiar a sua defesa.

"Nós precisamos ir a julgamento imediatamente," ele disse. "Nós não temos orçamento para mais tempo além do previsto."

Flanagan reconheceu, "Nós ainda estamos preparando o caso," mas disse que era normal o desenvolvimento das evidências mesmo depois de começado o julgamento.

"Nós estaremos prontos para o julgamento em 24 de março," disse Flanagan. "Nós não estamos prontos hoje."

Os promotores alegaram que eles têm direito a receber as provas da defesa 30 dias antes do julgamento começar, um prazo que já passou. A promotora Deborah Brazil afirmou que ela não recebeu relato algum dos advogados de defesa ou declarações de possíveis testemunhas.

Flanagan, irritado, queixou-se que a promotoria também não apresentou as suas descobertas.

O juíz ordenou que Brazil e o promotor David Walgren entreguem fotos digitais da autópsia de Jackson, assim como todas as fitas de vigilância gravadas em sua casa em Bel Air no dia 25 de junho de 2009, o dia em que ele morreu de uma overdose do anestésico propofol e outros sedativos.

Pastor disse que ao menos que ambos os lados cumpram suas obrigações de entrega de provas, ele vai começar a emitir sanções de US$1,500 por advogado por dia. O juíz disse que pode ter de começar a realizar audiências diárias a fim de que promotoria e defesa entreguem suas descobertas.

Em relação aos especialistas, Flanagan afirmou que espera chamar uma das maiores autoridades sobre o uso de propofol. Flanagan disse que a testemunha acredita que Jackson estava viciado no analgésico Demerol e deixou de usá-lo na época de sua morte, o que pode ter complicado as suas reações.

Fora da corte, Flanagan disse que os promotores tiveram 20 meses para preparar o seu caso, enquanto a defesa começou a desenvolver as evidências nas últimas seis semanas após as audiências preliminares.

Flanagan ainda afirmou, fora do tribunal, que ele acredita que Pastor não pode ignorar a exigência de um julgamento rápido a não ser que a defesa se encontre despreparada no dia do início do julgamento. Até então, o juíz terá chamado centenas de jurados em potencial para a corte e organizado a devida segurança extra. Ele ressaltou que a organização para um julgamento de alto nível como este consome tempo e é complicada.


Traduzido por Bruno Couto Pórpora
Fonte: Linda Deutsch / AP