Por Cynthia Horner.
Você pode sempre lembrar de onde estava e o que estava fazendo quando um evento memorável acontece na sua vida. E é por isso que posso contar a vocês que eu estava sentada bem aqui na frente do computador escrevendo uma história, quando recebi uma ligação com um convite para visitar Michael Jackson em Londres.
Primeiro eu não acreditei nisso. Eu conheço Michael Jackson desde que me tornei Editora da Right On!, mas às vezes tendemos a esquecer que celebridades têm coração e lembram da amizade e lealdade que lhe são dadas durante suas carreiras. De qualquer forma, eu disse um obrigada e sentei novamente em minha cadeira, pensando sobre as novidades. Na verdade, alguns dias se passaram antes de eu sequer mencionar sobre minha viagem a alguém, eu não queria arruiná-la contando a alguém sobre isso prematuramente.
Quando finalmente decidi contar para algumas pessoas o que iria acontecer, eu senti que elas não estavam acreditando - minha notícia era boa demais para ser verdade. Mas os céticos não diminuíram minha empolgação. Eu percebi que eles eventualmente se aproximariam. Entristeceu-me pensar que pessoas poderiam se sentir daquela forma a respeito de Michael Jackson.
Eu suponho que este assento no topo da ladeira do sucesso onde ele está agora, que o faz a pessoa mais famosa de todo o mundo, resulta de uma atitude de descrença por parte de seus fãs. Eu acho que as pessoas pensam que ele é famoso e ocupado demais para que possa cuidar de algum interesse fora de seu cerco de amigos imediatos. Tenho esperanças que, após lerem minhas aventuras, as pessoas terão uma impressão mais amigável de Michael.
Eu aterrissei no Aeroporto de Heathrow um dia antes que Michael chegasse de um de seus outros locais de turnê: Itália. Eu fui levada ao Hotel Mayfair, um calmo e exclusivo hotel onde Michael e alguns membros de sua equipe estariam hospedados. Eu estava honrada em saber que era a primeira e única pessoa da mídia autorizada a ficar naquele hotel. Até mesmo a banda e a maioria dos membros da organização de Michael estavam hospedados em um outro hotel, a algumas quadras de distância.
O dia seguinte foi agitado. Eu tive que acordar cedo para acompanhar o Vice Presidente de Comunicação de Michael: Bob Jones, no aeroporto, para testemunhar a chegada de Michael. No topo do telhado do terminal do aeroporto haviam milhares de fãs alinhados, se empurrando por um vislumbre do superastro. Você não acreditaria nos tipos que estavam no telhado. Havia alguns covers de Michael dançando e clamando pela atenção da imprensa (sendo que um dos covers se parecia mais com Tito do que com Michael). Eu não conseguia evitar um sorrisinho pensando "Será que estas pessoas sabem que se parecem com Michael Jackson dos dias de Thriller mais do que com Michael Jackson de 1989?" Dois rapazes vieram em minha direção e disseram que me reconheceram da revista. Afinal, Right On! está à venda na Inglaterra. Eu falei com eles por um tempinho e nós posamos para fotos. Eu perguntei a alguns fãs como eles descobriram sobre a chegada de Michael; pois parecia que tinha sido um grande segredo. Eles exclamaram: Foi anunciado no Rádio! Eu estava chocada. Eles nunca poderiam anunciar os locais onde Michael estava nos Estados unidos: seria uma catástrofe! O mais interessante era que alguém do aeroporto até anunciou pelo alto falante que se podia ter uma melhor visão de Michael se você subisse ao deck de observação (de qualquer maneira, você teria que pagar a taxa de admissão).
Finalmente Michael chegou. Tiveram alguns alarmes falsos, mas agora seu jato finalmente havia aterrissado. Ele saiu do avião, acenou para a multidão, e correu para dentro da Sala Vip. Neste ponto, a prazerosa atmosfera no telhado mudou. Os empolgados fãs viraram touros ferozes conforme corriam escada abaixo, tirando do caminho tudo que os impedissem de achar Michael. Em cinco minutos não sobrou uma alma no telhado, todos haviam corrido para o estacionamento. De alguma maneira, alguns dos covers de Michael conseguiram fazer seus caminho na frente de centenas de pessoas. Eles eram uma visão cômica, longos cachos voando ao vento conforme corriam, passando na frente dos carros e criando um caos no trânsito.
Aqueles que prestaram bastante atenção em Bob Jones e em mim, notaram os passes de identificação do Michael Jackson que usávamos em volta do nosso pescoço, portanto o público se dividiu, alguns foram atrás de Michael, e outros de nós. Nós entramos num carro com chofer, e corremos de volta ao hotel. Uma multidão de fãs estava agora enfileirada na frente do hotel, tornando a entrada impossível. Como estas pessoas sabiam aonde tinham de ir, eu nunca saberei. A segurança nos ajudou a entrar, e aquilo foi só uma pequena amostra do que me espera para o resto da semana.
Se você é um dos convidados VIP's de Michael, não tem de se preocupar com transporte para ir ao show porque já está tudo arranjado para seus amigos irem em um ônibus especial. Todos nos reunimos em uma sala do hotel onde nos refrescamos e esperamos a chegada dos outros convidados. É claro que havia bastante Pepsi disponível para bebermos. Finalmente, nos dirigimos ao andar de baixo e os seguranças de Michael nos levaram pelo meio da multidão de fãs lá fora, que espera um vislumbre do superstar.
De certo a multidão permaneceu ali a semana inteira, mas a publicidade do show da turnê alcançou o maior nível e fãs dos Estados Unidos e outra partes das Ilhas Britânicas se juntaram aos londrinos ao longo da calçada. Bancas de souvenirs foram erguidas e até mesmo taxistas se enfileiraram na calçada com câmeras fora de suas janelas. Trabalhadores de construção do outro da rua nos andaimes segurando ferramentas em uma mão e equipamento fotográfico na outra.
Alguns dos fãs corriam atrás de mim tentando descobrir se eu era amiga ou parente dos Jacksons. Algumas pessoas insistiam em tirar fotos minhas só porque estavam achando que eu era alguém. Uma vez todos entramos no ônibus, e saímos, correndo rua abaixo com outros dois ônibus. Um que estava transportando Michael (para tirar as pessoas de seu rastro, foi anunciado a mídia que ele chegaria de helicóptero). Encontramos uma escolta policial que nos levou para que pudéssemos quebrar algumas regras de trânsito. Não podíamos suportar ir conforme as regras. Os três ônibus estavam atraindo muitas atenções. Alguns fãs curiosos tentaram nos seguir, mas o tráfego de Londres os deteu.
Assim que chegamos ao estádio Wembley, eu fui imediatamente conduzida ao camarim privado de Michael onde um Michael eletrizante sorriu e brincou comigo. Nós tiramos fotos e Michael, brincando, corria de uma lado para o outro tentando desconcentrar seu fotógrafo. Todos sempre me perguntam como é conhecer Michael, mas eu realmente não posso dizer. Eu conheço Michael desde que ele tinha 18 anos, e sou tratada como uma amiga íntima. Eu posso dizer que tenho diversas oportunidades de observar seu comportamento perto de outras pessoas e posso dizer que ele é geralmente quieto e humilde. De qualquer maneira, isso pode soar estranho, mas as pessoas sentem a energia vinda dele, quase como se ele fosse dotado de poderes superhumanos. As pessoas normalmente ficam num estado de choque quando o encontram, que não conseguem nem falar. Na verdade, Michael lança um feitiço mágico sobre seus fãs.
Michael parece ser mais aberto e falante com crianças, especialmente aquelas que ele conhece bem como seus amigos Jimmy do comercial da Pepsi e os filhos de seu empresário Frank Dileo. Eles o adoram, e ele age como um irmão mais velho com eles.
Diferente de outros artistas, Michael não gosta de ter muita gente a seu redor antes de um show. Ele passa a maior parte do tempo se preparando e conhecendo convidados seletos. Você não precisa conhecer bem Michael para perceber que ele é um profissional completo do entretenimento em cima do palco e fora dele. Sua equipe de trabalho funciona como um relógio. Seu empresário Frank Dileo resume desta forma: Todos sabem que Michael é uma estrela e esse é seu show. Cada pessoa faz seu trabalho.
Quando Michael finalmente vai para o palco, os convidados VIP's (neste caso, eles incluíram o diretor de cinema George Lucas e o ator Harrison Ford) são conduzidos a lugares especiais. Mesmo assim, o Vice Presidente de Comunicações Bob Jones me levou ao palco para que eu pudesse ter uma boa visão do público presente. Eu já estive em palcos de concertos antes, mas nunca estive em um palco encarando 70.000 pessoas. Quando se tem uma audiência tão grande, os rostos se misturam tudo que você nota são movimentos, uma energia circulando entre os fãs leais e céticos, mas todos sob o feitiço mágico de Michael Jackson.
Foi o desafio de uma vida inteira. Obrigada, Michael!
Traduzida por Michelle El-Chaer. Revisão de Bruno Couto Pórpora.