sexta-feira, 9 de maio de 2014

'Xscape' faz jus à lenda (USA Today)

USA Today, 21 de abril de 2014
Por Elysa Gardner

É fácil, e provavelmente saudável, abordar qualquer novo lançamento de músicas de Michael Jackson com algum ceticismo. Quase cinco anos após sua morte, o Rei do Pop se mantém uma influência permanente para os artistas contemporâneos e uma fonte de um tipo de fascinação sombria e lasciva que é sempre fácil de vender, se não tão memorável, como uma grande canção.

Felizmente, o álbum póstumo Xscape, a ser lançado em 13 de maio, oferece alguns lembretes sobre o porquê Jackson entrou na nossa consciência coletiva. As oito faixas aqui, selecionadas do arquivo do superastro, foram originalmente gravadas entre 1983 e 1999, após o primeiro pico criativo de Jackson como artista fonográfico (com sua ruptura solo de 1979, Off The Wall, e Thriller de 1982).

Ainda, o produtor executivo L.A. Reid, a o produtor líder Timbaland - com apoio a bordo de notáveis criadores de sucessos, como Stargate, J-Roc e Rodney Jerkins - asseguram que a força duradoura de Jackson como cantor é representada, com camadas de textura eletrônica moderna,  sem oprimir os vocais ou a estrutura das canções.

Love Never Felt So Good
- composta e inicialmente produzida por Jackson e Paul Anka, e co-produzida aqui por John McClain, um co-executor do Espólio de Jackson, e Giorgio Tuinfort - tem um estalo retrô e acordes quentes que relembram a força melódica e rítmica do trabalho de Jackson com Quincy Jones.

Loving You, trabalhada durante as sessões de Bad de 1987 e revisitada aqui por Timbaland, é parecida em alegria e nostalgia, com tilintantes acordes de piano e percussão colocados contra a tradicional sincopação do artista.

Outras faixas são irritadas e mais agressivas, sonicamente e em seus letras. Para Jackson, amor e ansiedade estavam muitas vezes inextricavelmente entrelaçados; Do You Know Where Your Children Are (também da era Bad) documenta o pesadelo de um pai com uma batida constante, enquanto a fria parceria com Cory Rooney, Chicago, encontra seu narrador aborrecido com uma mulher de duas caras.

Em Slave to the Rhythm, uma intrigante criação de Reid/Babyface em 1989, trazida de volta por Timbaland e Jerome Harmon, é a garota que sofre, enquanto Jackson canta por cima de um rodopiante arranjo sobre uma mulher que tenta quebrar as correntes que a prendem à casa e ao trabalho.

Slave é brincalhona de início, abrindo com os gritos e soluços marca-registrada de Jackson, mas há uma clara empatia em seu retrato de uma pessoa presa, desesperada para encontrar "uma batida que seja só dela". Parece especialmente triste aqui que para esta estrela, escapar, como em Xscape, só aconteceu postumamente.



 Traduzido por Bruno Couto Pórpora