Folha de São Paulo, 17 de outubro de 1993
Por Maurício Stycer
'Datafolha' mostra que efeitos especiais foram destaque no show que reuniu 70 mil pessoas
O primeiro megashow no Brasil do mega-astro Michael Jackson foi considerado ótimo ou bom por 87% dos espectadores ouvidos ao final pela Datafolha. Por outro lado, em resposta a uma outra pergunta, 24% das pessoas que foram ao estádio do Morumbi na sexta-feira à noite classificaram o espetáculo como "pior" do que esperavam.
Jackson faz hoje, a partir das 19h30, no mesmo Morumbi, em São Paulo, o segundo e último show no país da megaturnê Dangerous, iniciada em Munique (Alemanha) em junho de 1992. Ainda há ingressos à venda para a arquibancada e o gramado.
O primeiro espetáculo reuniu um público de cerca de 70 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. Jackson não deu o bis de praxe (Man In The Mirror) e encerrou o show após 115 minutos - 25 minutos antes do que no concerto dado em Buenos Aires uma semana atrás.
Apesar do volume pesadíssimo do som (240 mil watts), a voz de Jackson não foi bem ouvida em alguns pontos do estádio, especialmente na arquibancada. Nesta área, ocorreu exatamente a maior desaprovação à Dangerous: de 0 a 10, os espectadores da arquibancada deram nota 7,3 tanto para a qualidade do som quanto para a visibilidade do palco.
Ao entrar em cena e ficar estático por três minutos no meio do palco, Michael Jackson foi saudado com um grito de guerra bem brasileiro: "Maicô!", "Maicô!", "Maicô!!!". A histeria do público - só comparada à de final de campeonato - atingiu os seus momentos de pico quando foram exibidos os efeitos especiais, como os fogos que explodem ao fim de uma canção, a grua que eleva Jackson, a fumaça colorida que envolve o palco, etc.
São esses efeitos os responsáveis pela nota mais alta do show - 9,4 - na avaliação do público. O que apenas confirma a definição que a própria produção dá ao espetáculo: um videoclip ao vivo. Para os que reclamaram do som e da visibilidade, porém, Dangerous acaba sendo apenas um videoclip visto do telão.