quinta-feira, 17 de outubro de 2013

87% do público gosta de "Dangerous" (Folha de São Paulo, Outubro 1993)

Folha de São Paulo, 17 de outubro de 1993
Por Maurício Stycer

'Datafolha' mostra que efeitos especiais foram destaque no show que reuniu 70 mil pessoas


O primeiro megashow no Brasil do mega-astro Michael Jackson foi considerado ótimo ou bom por 87% dos espectadores ouvidos ao final pela Datafolha. Por outro lado, em resposta a uma outra pergunta, 24% das pessoas que foram ao estádio do Morumbi na sexta-feira à noite classificaram o espetáculo como "pior" do que esperavam.

Jackson faz hoje, a partir das 19h30, no mesmo Morumbi, em São Paulo, o segundo e último show no país da megaturnê Dangerous, iniciada em Munique (Alemanha) em junho de 1992. Ainda há ingressos à venda para a arquibancada e o gramado.

O primeiro espetáculo reuniu um público de cerca de 70 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. Jackson não deu o bis de praxe (Man In The Mirror) e encerrou o show após 115 minutos - 25 minutos antes do que no concerto dado em Buenos Aires uma semana atrás.

Apesar do volume pesadíssimo do som (240 mil watts), a voz de Jackson não foi bem ouvida em alguns pontos do estádio, especialmente na arquibancada. Nesta área, ocorreu exatamente a maior desaprovação à Dangerous: de 0 a 10, os espectadores da arquibancada deram nota 7,3 tanto para a qualidade do som quanto para a visibilidade do palco.

Ao entrar em cena e ficar estático por três minutos no meio do palco, Michael Jackson foi saudado com um grito de guerra bem brasileiro: "Maicô!", "Maicô!", "Maicô!!!". A histeria do público - só comparada à de final de campeonato - atingiu os seus momentos de pico quando foram exibidos os efeitos especiais, como os fogos que explodem ao fim de uma canção, a grua que eleva Jackson, a fumaça colorida que envolve o palco, etc.

São esses efeitos os responsáveis pela nota mais alta do show - 9,4 - na avaliação do público. O que apenas confirma a definição que a própria produção dá ao espetáculo: um videoclip ao vivo. Para os que reclamaram do som e da visibilidade, porém, Dangerous acaba sendo apenas um videoclip visto do telão.